Francisco Costa Rocha, mais conhecido como Chico Picadinho,
nasceu em 25 de abril de 1942, em Itantinga, São Paulo. Filho de uma família
humilde, Chico enfrentou uma infância difícil, marcada pela pobreza e pela
ausência de seu pai, que o abandonou ainda criança. Sua mãe, Maria Costa,
trabalhava como lavadeira e fazia o possível para sustentar os filhos, mas a
situação financeira da família era extremamente precária.
Desde jovem, Chico demonstrou sinais de comportamento
antissocial e instabilidade emocional. Ele teve uma educação irregular,
abandonando a escola ainda na infância, o que contribuiu para sua dificuldade
em se integrar à sociedade. Sem uma base familiar sólida e com pouca educação,
Chico começou a se envolver em pequenos crimes ainda na adolescência, como
furtos e brigas.
Mudança de Chico Picadinho para São Paulo
Na década de 1960, já adulto, Chico Picadinho mudou-se para
São Paulo em busca de uma vida melhor. No entanto, o que encontrou na metrópole
foi um ambiente hostil, onde continuou a levar uma vida marginalizada. Ele
passou a frequentar bares e casas de prostituição na região central da cidade,
localizando-se principalmente na Boca do Lixo, um reduto boêmio e marginal.
Primeiro crime
Foi nesse contexto que, em 1966, Chico Picadinho cometeu seu
primeiro crime brutal. A vítima foi a bailarina Margareth Suida, que conheceu
em um bar. Após convidá-la para seu apartamento, Chico a estrangulou durante
uma discussão. O ato de estrangulamento, que muitos associam a um impulso
incontrolável, foi seguido por um ato ainda mais macabro: ele esquartejou o
corpo de Margareth com uma faca, um ato que lhe rendeu o apelido de
"Picadinho". A frieza e a brutalidade com que cometeu o crime chocaram
a sociedade paulistana na época.
Chico foi rapidamente capturado pela polícia após o crime e
condenado a 18 anos de prisão. Durante o período em que esteve encarcerado, ele
passou por avaliações psiquiátricas que revelaram traços de psicopatia e uma
profunda dissociação da realidade. No entanto, após cumprir parte da pena,
Chico foi liberado por bom comportamento em 1974, o que seria um erro fatal.
Segundo crime
Em 1976, apenas dois anos após sua libertação, Chico
Picadinho cometeu seu segundo crime, ainda mais brutal que o primeiro. A vítima
desta vez foi a prostituta Ângela Silva, que conheceu em um bar na Rua Aurora,
região central de São Paulo. Assim como no primeiro caso, Chico levou Ângela
para seu apartamento, onde a estrangulou após uma discussão. Mais uma vez, ele
esquartejou o corpo da vítima, mas dessa vez o ato foi ainda mais perturbador,
pois ele tentou dissolver partes do corpo em ácido, demonstrando uma tentativa
de se livrar das evidências.
A brutalidade desse segundo crime chocou ainda mais o país e
levantou questões sobre a eficácia do sistema penitenciário e a liberação
prematura de criminosos violentos. A mídia da época cobriu extensivamente o
caso, retratando Chico Picadinho como um monstro desumano, o que contribuiu
para criar uma aura de medo e repulsa em torno dele.
Após cometer o segundo crime, Chico tentou fugir, mas foi
capturado alguns dias depois pela polícia em São Paulo. Durante seu julgamento,
ele permaneceu calmo e até mesmo colaborativo, confessando seus crimes em
detalhes. Ele declarou que sabia que era incapaz de viver em sociedade e se
referiu a si mesmo como um "monstro", uma frase que ficou marcada na
memória coletiva.
Chico Picadinho foi condenado a mais 30 anos de prisão, onde
permanece até hoje. Ele cumpre sua pena na Penitenciária de Taubaté, em regime
fechado. Durante os anos de encarceramento, Chico passou por diversas
avaliações psiquiátricas, e todos os laudos indicam que ele continua a
representar uma ameaça à sociedade, com pouca ou nenhuma possibilidade de
reabilitação. Sua história é frequentemente usada em discussões sobre a
natureza da psicopatia, o sistema penal brasileiro e a capacidade de
reabilitação de criminosos violentos.
O caso de Chico Picadinho é emblemático na criminologia
brasileira, não apenas pela brutalidade dos crimes, mas também pelas falhas do
sistema que permitiram que ele voltasse a matar. Ele é um dos poucos serial
killers brasileiros cujos crimes ainda ressoam na memória coletiva, servindo
como um lembrete sombrio dos limites da compreensão humana sobre o mal.