O assalto ao trem pagador da Central do Brasil, ocorrido em 14 de junho de 1960, é um dos episódios mais audaciosos e emblemáticos da crônica policial brasileira. Este evento, que se desenrolou na chamada "curva da morte" próxima à estação de Japeri, envolveu um grupo de mascarados armados que realizaram um roubo meticulosamente planejado, surpreendendo até os mais experientes policiais da época.
O Assalto
Na manhã de uma terça-feira, o trem pagador transportava uma quantia significativa destinada ao pagamento de mais de mil ferroviários. Os assaltantes, para facilitar o ataque, dinamitaram os trilhos, causando o descarrilamento da locomotiva e do vagão. Em poucos minutos, conseguiram levar todo o dinheiro, que estava em caixas e latas, ao invés de trancado no cofre do vagão.
Repercussão e Investigação
O assalto chocou o país e gerou uma intensa investigação policial. A polícia, inicialmente desnorteada, começou a buscar pistas e suspeitos, mas enfrentou dificuldades devido à precisão com que o crime foi executado. A falta de uma guarda armada no trem e a rápida ação dos criminosos contribuíram para o sucesso do roubo.
Os Suspeitos e a Caçada
Com o passar dos dias, a polícia prendeu diversos suspeitos, mas sem sucesso em encontrar os verdadeiros culpados. A investigação se intensificou, envolvendo agentes de diferentes estados e até mesmo a Rede Ferroviária Federal. A imprensa, por sua vez, especulava sobre possíveis motivações políticas e a participação de quadrilhas internacionais.
O Papel de Perpétuo Freitas da Silva
O detetive Perpétuo Freitas da Silva, conhecido por sua habilidade em capturar criminosos, foi chamado para auxiliar nas investigações. Com sua experiência e contatos no mundo do crime, Perpétuo conseguiu desvendar parte do mistério, identificando os irmãos Anastácio, Sebastião, Zeferino e Manuel como os principais suspeitos do assalto.
Desfecho e Prisões
Após meses de investigação, a polícia conseguiu prender alguns dos envolvidos, incluindo Manuel Godinho e Heitor Fernandes. No entanto, o líder do bando, Sebastião, conhecido como Tião Medonho, conseguiu escapar, protagonizando uma fuga cinematográfica. A caçada a Tião foi implacável, culminando em sua captura em Barros Filho.
O Legado do Assalto
O assalto ao trem pagador deixou um legado duradouro na história policial brasileira. A audácia e a precisão do crime, aliadas à complexidade das investigações, tornaram este caso um marco na luta contra o crime organizado no país. A figura de Perpétuo Freitas da Silva emergiu como um herói popular, embora sua vida tenha terminado tragicamente em um confronto com a polícia.
Conclusão
A verdadeira história sobre o assalto ao trem pagador é um relato de ousadia, mistério e investigação. Apesar das dificuldades enfrentadas pela polícia, o caso foi parcialmente resolvido, mas muitos mistérios ainda permanecem. Este episódio continua a fascinar e intrigar, servindo como um lembrete da complexidade e dos desafios enfrentados pelas forças de segurança na luta contra o crime.